quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A FINA ESTAMPA DA GUERRA

A FINA ESTAMPA DA GUERRA –( Nilvan Oliveira – comunicador e acadêmico do curso de Letras-UFPA)

Falar ao celular, acessar internet, fazer previsões meteorológicas. Tarefas simples e já inseparáveis do dia-a-dia de quase todo mundo. Mas poucos são os que sabem em que circunstâncias surgiram tais invenções. O cenário, a Guerra Fria. Uma famigerada disputa entre dois gigantes de peso: Estados Unidos da América e ex-União Soviética. Dentre as muitas outras disputas, havia a busca pela Conquista Espacial. Como numa briga entre dois garotos pra ver quem levava a melhor, duas nações se enfrentavam num duelo titânico, cauteloso e quase silencioso. O Socialismo de um lado (que não tinha tantos atrativos pra quem estava na Berlim Oriental) e o Capitalismo do outro (com suas luzes, seu dinamismo, seu eldorado).
A guerra sempre foi um período de grandes descobertas. É através dela que o homem descobre que não sabe viver sem fazer a guerra. A Terra agoniza, mas ainda assim, toda a grana que se produz no mundo tem como prioridade o “preparar-se para a guerra”. Atualmente, só os E.U.A. reservam mais de 450 milhões de dólares, anualmente, para a “defesa”. Bastaria um único “click” para que nosso planeta virasse estilhaços “voando” pela escuridão fria do espaço, tamanho é o poder de destruição de nossas atuais armas de destruição em massa. Não importam os motivos, o que o homem quer é fazer a guerra. Seja por petróleo, por terra, pela religião. Da guerra provém não só satélites, celulares, mas também vacinas e outras coisas mais. Os fins justificam os meios.
O anseio pela derrota do outro está explícito no cotidiano. Projetamos ideais, defendemos com unhas e dentes aquilo em que acreditamos, não medindo esforços para ver tombar o inimigo. Nem sabemos se sobrarão “paus e pedras” para que lutemos em uma provável 4ª Guerra Mundial. Esta guerra dos nossos dias é a mais fria de todas. É uma guerra que se trava em cada célula, tecido, órgão, organismo, sistema, impregnando de ódio, tédio, aversão e indiferença o próximo. Em seu discurso, o provável novo presidente dos E.U.A., Barack Obama dá ênfase à palavra “CHANGE”, ou seja, “MUDANÇA”. Mas, será que existe mesmo esse “vento de mudança” tão proclamado pela nação que hoje está em crise, em grande parte, em função de uma guerra bilionária contra o Iraque?
Mesmo bradando com a voz da ignorância, engrossamos o côro dos descontentes. Somos rebeldes por qualquer causa aceitável. Aliás, nesta odisséia de vida, temos marchado sob o comando de uma voz estúpida: a voz do ego. Temos nos desumanizado pouco a pouco. Nas páginas policiais do jornal do dia, nas cenas sangrentas da TV, no sexo transsexuado dos mutantes das madrugadas, nas drogas (inclusive, para muitos, só com elas é possível perder o senso e ouvir estrelas). Enquanto isso, a esperança se esvai. Intelectualizados, os homens ridicularizam o sacrifício de Jesus. Enquanto isso, já temos mais de 400 mil presos nas cadeias do Brasil e precisamos construir mais e mais cadeias para receber novos delinqüentes por nós fabricados. Welcome to the Machine!!! – Bem vindo à Máquina!!! Presos que não vivem, apodrecem abandonados pelo sistema. Não desfrutam das benesses que as grandes guerras trazem à humanidade.
A gente pobre e descontente só pode lastimar e bendizer seus salvadores. Senhores de fina estampa que os representam nas câmaras, nas assembléias, no Senado, no Congresso Nacional. Senhores eleitos para representar a gente pobre que padece nas trevas da ignorância patrocinada pela ferrugem dos mecanismos do Estado. Que lástima! Os Senhores de fina estampa são os mesmos Senhores da Guerra. São o câncer das células, tecidos, órgãos, organismos e sistemas do “serviço” público.
Está em nossas mãos e na “cabeça feita” a escolha. Ou vivemos um “American Way of Life” a la “jeca tatu”, conformados e negativistas, ou acreditamos na ressurreição da utopia de um mundo melhor. Para ser protagonistas de nossa própria história, existe um preço a pagar. Jesus pagou o preço. Martin Luther King, Gandhi, Einstein, Sócrates, Copérnico e outros da mesma confraria dos célebres pagaram o preço. E você? Vai agir ou “pedir pra sair?”

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