quinta-feira, 13 de novembro de 2008

FORMAÇÃO E LIMITES DO SER HUMANO

FORMAÇÃO E LIMITES DO SER HUMANO

Formação:

O espaço de trabalho, assim como o cotidiano, muitas vezes transforma-se em um fazer destituído de significados, resultando daí um sujeito cindido de seu mundo, de si e de sua essência. Esse deixa então, de perceber uma parte da realidade exterior, e uma dimensão de seu universo psíquico, como se proibisse a si mesmo de pensar. Nessa direção, os homens devem protegidos de si mesmos. Muitas vezes, bloqueiam o trabalho intelectual, que poderia resultar em esquemas justificadores das ações disfuncionais.
Vygotsky (1984, 1986, 1987, 2001) dedicou-se ao estudo das funções psicológicas superiores tipicamente humanas, como a imaginação, a capacidade de planejamento, a memória, a construção de representações mentais, que incluem mecanismos interativos, com possibilidade de manter certa independência diante das características e pressões do momento, do tempo e espaço presentes. Trata-se de funções que não são inatas, mas que se originam nas relações entre indivíduos humanos, e desenvolvem-se ao longo do processo de internalização de formas culturais de comportamento.
As funções psicológicas superiores do ser humano surgem da interação dos fatores biológicos, que são parte da constituição física do Homo Sapiens com os fatores culturais, que evoluíram através das dezenas de milhares de anos da história humana (LURIA, 1992, p. 60).
As funções psicológicas superiores originam-se nas relações do indivíduo e seu contexto sócio-cultural. Isto é, o desenvolvimento humano não é dado a priori, não é imutável, não há passividade, nem independência do desenvolvimento histórico e das formas sociais da vida humana. A cultura é, portanto, parte constitutiva da natureza humana, já que sua característica psicológica se dá através da internalização dos modos historicamente determinados e culturalmente organizados de operar com informações.
Pode-se apreender que há imagens iniciais decorrentes de momentos mais primitivos da vida, mas que não são estáticas. Ao abordar a consciência humana há necessidade de estudar mudanças que ocorrem no desenvolvimento mental a partir do contexto social, que é mutável como a própria vida. Na realidade, o saber está sempre em nós. O sapiens entra na esfera da poética, como noesis poieseôs. Esse pensamento corrosivo evoca lembranças de acasos interiores aos contornos da conduta e, numa meditação mimética, retoma a formação humana inicial, possibilitando múltiplas revelações. As palavras, ações e lembranças possuem significados que são, ao mesmo tempo, evidentes e enigmáticos. A memória como tempos vividos relaciona-se com a consciência (memorial), nas bordas do passado. Ela revive e inventa lembranças. Através dos mitos pessoais, muitas vezes o dasein se faz história, a fim de figurar sob o olhar do outro. O outro está em nós, uma vez que a identidade se edifica e se configura em interação social. Pela história, o essencial abre um caminho, e a noite do pensamento tenta fazer memória. Há lembranças, há imagens iniciais e formadoras, nem sempre felizes, mas marcantes, que se constituem como essenciais na dinâmica da formação humana. Entretanto, muitas delas desaparecem, e outras permanecem vívidas na memória, podendo ser resgatadas nas vivências do cotidiano.
Refletir sobre a formação humana significa admitir que, para cada ser humano existe um percurso singular. Pelas diferenças e nas diferenças deflagra-se tudo aquilo que é particular, que se revela na expressão de linguagens também pertinentes a cada sujeito: verbal, visual, corporal, musical, dentre outras.

Limites:

Cada pessoa nasce com determinados talentos, coisas que ela poderá desenvolver futuramente com mais facilidade que os outros mortais da face da Terra, mas isso não significa que deverá ater-se a eles. O ser humano tem uma capacidade ilimitada de aprender sobre qualquer coisa que queira.
Os limites nada mais são do que barreiras psicológicas e emocionais que nós mesmos nos impusemos ou que permitimos que outras pessoas incutissem em nossa cabeça. Depois de estabelecido esse limite, além do qual não nos permitiremos ir, ele torna-se intransponível.
Por isso o ser humano tem, sim, muitas limitações. Podem ser limitações físicas, intelectuais, emocionais ou pura frescura, o fato é que limitações existem e temos que aprender a conhecer as nossas para lidar com elas e tirar partido das mesmas, se for o caso.
Há casos de pessoas que perdem os braços e aprendem a pintar com os pés, com muito mais talento do que muitos conseguiriam com ambas as mãos, ou mesmo que tivesse dúzias delas.
Não desistir é a primeira chave para abrir muitas portas e munir-se de técnicas para chegar-se onde se quer certamente é a segunda. Temos que aprender desde cedo a conseguir um resultado cada vez melhor com cada vez menos esforço. É o que se chama de “preguiça inteligente”.
Podemos fazer ou aprender aquilo que quisermos desde que não desanimemos ante as primeiras dificuldades e não nos imponhamos limites. Seu limite está onde você mesmo o colocar. Se você quer, certamente você pode. Basta tentar e continuar tentando.



POLÍTICA E CORRUPÇÃO


Política e corrupção parecem acompanhar a saga humana na perspectiva do exercício do poder. No Brasil, em particular, parece que a acompanham como um mal inevitável, como uma conjugação fatal. É como se a corrupção fosse parte constituinte do ser político brasileiro. No entanto, de tempos em tempos, particularmente no período que antecede disputas eleitorais, casos emergem e ganham o primeiro plano dos noticiários. Os episódios atuais são recorrentes, no entanto. O ingrediente novo parece ser a situação do PT neles, o partido que cresceu se afirmou e conquistou o poder do país ancorado em discurso anticorrupção, embora não apenas. O novo é estar vendo também esse partido no lamaçal da corrupção. Diante disso, pergunta-se: afinal, será que estamos diante de uma conjugação inevitável, fatal, entre exercício do poder político e corrupção? Ou ainda, onde se situa a linha tênue que separa ação publicamente defensável do poder e corrupção?
Custa crer que essa conjugação seja um determinismo do exercício do poder. Por mais que tenhamos dificuldades em separar a tênue linha que separa o exercício publicamente defensável do poder e a prática corriqueira de levar vantagem, da corrupção, acreditar nessa conjugação é desacreditar no ser humano, é, no fundo, uma aposta no pior e no desastre da comunidade humana.
A tentação à corrupção parece ser um fato normal no sentido de que aconteceu e acontece. Ceder a ela, todavia, não é uma necessidade lógica de seu exercício. Ceder e, de alguma forma, não ser punido, parece ser ainda pior, pois o crime, nesse caso, é protegido por outro.
Nesses tempos cartoriais, o parâmetro do legal e do ilegal é o texto da lei. A lei, todavia, pode não ser necessariamente fonte autêntica de direito, porque pode privilegiar e expressar interesses particulares à custa do interesse geral e do bem comum. A propósito, há situações em que o texto da lei pode e deve ser questionado para que o direito e a justiça possam prevalecer. Por exemplo, imaginemos uma ditadura receber vultosas quantias a título de empréstimo, em condições desiguais, gerando uma situação de endividamento externo sufocante do país. Imaginemos, também, que esse dinheiro, nas mãos dos plantonistas do poder, sem a necessária legitimidade, desviam, gastam mal, em suma, não geram a contrapartida que poderia justificar a obtenção do empréstimo. A sociedade reconquista a autonomia, reassume o comando político, mas tem contra si o fardo asfixiante da dívida herdada, que atua corroendo a capacidade de governar e a legitimidade do mandato. A questão é: por que toda uma sociedade deve pagar por uma dívida contraída por um governo sem legitimidade institucional, no mínimo, duvidosa? Em situações como essa, a sociedade paga um alto preço pela corrupção. A rigor, sempre paga caro por ela.
Nos episódios recentes, correios, mensalão, por exemplo, salta aos olhos que o problema vem de muito longe e é em mais amplo do que está aparecendo. Os fatos que revelam ou insinuam corrupção remetem a prática política do dia a dia, seguramente, de todos os partidos, que precisam de recursos para tocar suas campanhas, tocar seus projetos. Hoje, o exercício da política foi mercantilizado e exige cada vez mais recursos financeiros. Não há sinais de que esteja havendo uma mudança desse processo, antes pelo contrário.
O Supremo Tribunal Federal, por exemplo, com base no Artigo 26 da Constituição Federal, reduziu em mais de cinco mil as vagas de vereadores nas câmaras municipais de todo o país. A última eleição, outubro de 2004 confirmou essa redução. O principal argumento para esse corte parece ter sido o da economia de recursos.

Perspectiva da economia e na perspectiva da democracia. Penso que não haverá economia e contribui para empobrecer o caráter democrático de nossas comunidades. Nesse sentido, foi uma decisão triste.
Da perspectiva econômica, quem conhece a voracidade de políticos por recursos, para se eleger e para manter suas bases eleitorais, não tardará em descobrir que é pouco Essa redução se constitui em um equívoco em pelo menos duas dimensões: na provável que haja economia de recursos. E se o repasse às câmaras municipais diminuir, não necessariamente estará assegurado uma melhor utilização dos mesmos por parte dos gestores.
Da perspectiva da democracia, a redução parece uma decisão pouco feliz. O grande problema de hoje, politicamente, é oportunizar canais viáveis de representação política, já que a participação direta nos molde da democracia ateniense, ou da utopia assembleísta de Rousseau, por exemplo, estão cada vez mais distantes do cidadão comum, sobretudo nas grandes cidades. As decisões precisam aproximar o cidadão das decisões políticas que lhe afetam a vida e dos que decidem. E o que aconteceu com a redução do número de vereadores? Afastou-se ainda mais o povo, o eleitor, o cidadão, dos eleitos. A representação política, que já era frágil (a começar por episódios de mudanças impunes de posições mesmo antes de assumir mandatos, no mais deslavado desrespeito ao voto recebido, à inteligência e à dignidade), ficou ainda mais frágil. Sendo assim, da perspectiva do fortalecimento da democracia e da sociedade, o razoável seria uma decisão em sentido inverso, ou seja, um aumento do número de vereadores.
A questão ou dilema que se coloca é como ampliar e aprofundar a democracia sem onerar os cofres públicos. No plano municipal, a equação não passa pela redução do número de vereadores pelas razões acima expostas: ineficácia do ponto de vista de uma economia de recursos e, sobretudo, pela fragilização e empobrecimento da democracia representativa. A solução para esse dilema parece ser livrar o mandato de vereador do caráter cada vez mais mercantil que vem ganhando, o que a redução do número de vereadores aponta em sentido contrário e o reforça ainda mais. A forma de fazer isso é desvincular o exercício de vereador de salários, tornando gratuita essa participação, como já o foi em outros tempos. A propósito, a qualidade dos ocupantes das câmaras não melhorou com a remuneração, ao contrário, afastou cidadãos que podem e querem contribuir com sua comunidade, mas não suportam a idéia (e muito menos a prática) de conquistar uma vaga em condições cada vez mais mercantis, em que o eleitor, utilizando expressão de político regional, “faz do voto sua peixeira” contra o pretendente político e trata de obter vantagens ou compensações, sob a forma de bens, de recursos ou de promessas de cargos entre outras, dependendo do seu nível sócio-econômico. Trata-se de uma solução muito simples, ainda que de difícil aplicação, em função da mercantilização da prática política, agora também reforçada.
Assegurado o caráter de gratuidade do exercício de vereador, resolvendo desta forma o problema da economia, a questão passa a ser o número de vereadores. Dado que democracia é participação, número é importante. Nesse sentido, o numero atual pode e deve ser multiplicado várias vezes, assegurando, por exemplo, que cada unidade geográfica ou cada distrito eleitoral municipal (bairro, agregação de bairros, povoados ou distritos rurais, por exemplo), tenham um representante a cada conjunto de eleitores, devendo variar esse montante em função do tamanho populacional de cada município. A lei poderia estabelecer limites mínimos e máximos segundo categorias de grandeza populacional de cada município e cada comunidade decidiria sobre sua representação política. Com isso, sem comprometer o princípio da economia de recursos financeiros, estaríamos solidificando e alargando as bases da nossa democracia. Do contrário, apesar das boas intenções, colheremos os frutos amargos da elitização e da mercantilização e seremos testemunhas do paradoxo de situações de população pobre e emergentes ocupantes de cargos políticos com trajetórias econômicas ofuscantes. A remuneração do cargo de vereador não é uma necessidade lógica da democracia, é resultante de uma decisão política que pode ser mudada. A julgar pelos efeitos da mercantilização crescente do voto sobre os que pretendem disputar uma vaga e sobre os que votam, tornar gratuito o mandato para vereador, eliminando o pagamento de salários, não será um retrocesso, mas o descarte oportuno de um entulho.
A presente crise política, centrada nas CPIs dos correios e do mensalão, caso não queiram ser apenas mais um capítulo recorrente da história política deste país, deve desembocar na reforma política e essa só será eficaz se ampliar o conceito de democracia, exigindo a participação da população nas decisões, requerendo proximidade do representante de seus eleitores. Nos episódios recentes de corrupção, parece faltar, antes de tudo, democracia, ou melhor, são reflexos de uma democracia insuficiente e mercantilizada.





EDUCAÇÃO E CONVIVÊNCIA

Partindo da premissa que para uma educação voltada para a convivência seja realmente concretizada, precisamos observar alguns pontos que caracterizem este processo.
Para tal, a convivência é uma condição importante da vida cotidiana, relação esta que, na medida em que buscamos a melhoria da qualidade interpessoal e intrapessoal, podemos desenvolver e aperfeiçoar competências na perspectiva de viver juntos.
Neste processo, ou jogo da vida, precisamos resgatar e valorizar atitudes e comportamentos mais humanos por meio de uma visão um pouco diferente da que estamos acostumados a ter quando realizamos o referido jogo da vida, de maneira que possamos experimentar novas alternativas que mostrem que é possível existir outros caminhos que possam ser incorporados de maneira espontânea e autêntica com a de vida importância de sermos, essencialmente, o que somos e valorizarmos o que fazemos.
O conceito da Educação, ao longo de toda a vida, aparece como uma das chaves de acesso ao século XXI. A literatura existente aborda diversos conceitos sobre educação, mas neste caso, gostaríamos de citar uma educação que se baseia na função de preparar a auto formação do cidadão. Segundo Morin (2001), o objetivo da educação não é o de somente transmitir conhecimentos, mas criar um espírito para toda vida, onde ensinar é viver em transformações consigo próprio e com os outros. Baseando-se nesta citação, é possível afirmar que um dos fatores que garantem a educação é fundamentado em palavras, como cooperação e autonomia.

COOPERAÇÃO: trabalhar e ajudar para alcançar um objetivo comum.

AUTONOMIA: faculdade de governar por si só.

Segundo Orlick (1989, p.105), a cooperação é “uma força unificadora, que agrupa uma variedade de indivíduos com interesses separados numa unidade coletiva” e, segundo Freire (1996), autonomia é a prática da liberdade.
Lendo estas definições objetivas e citações, acrescentamos que a educação proposta por meio dos Pilares da Educação tem em sua forma de autonomia um comando da consciência em que, por meio da cooperação, podemos criar uma rede de funções com desempenhos relacionados uns com os outros. Dessa forma, atuar em educação é, antes de tudo, uma jornada ao longo de um conjunto de respostas organizadas em torno dos quatro Pilares da Educação.

1º-Aprender a conhecer: significa combinar a cultura geral com as possibilidades do aumento dos saberes num continuo exercício do aprender a aprender para beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela educação ao longo de toda a vida.

2º-Aprender a fazer: a fim de poder agir, não somente sobre uma qualificação profissional, mais sim ampliando suas competências no âmbito das diversas experiências sociais ou de trabalho.

3º-Aprender a viver juntos: participando e cooperando na compreensão do outro e na percepção das interdependências, realizando projetos e preparando-se para gerir conflitos e no respeito pelos valores humanos, da compreensão mútua e da paz.

4º-Aprender a ser: contribuir para o desenvolvimento mental, corporal e espiritual a fim de atingir uma realização completa com cada vez maior capacidade de autonomia de cada interser.

Sendo assim, o saber, o saber fazer, o saber conviver juntos e o saber ser constituem quatro aspectos, intimamente ligados, de uma realidade de experiência vivida e assimilada por momentos de compreensão e criação pessoal. Para tal, a educação deve desenvolver e formar cidadãos com estas novas competências, que serão necessidades fundamentais para a convivência entre os outros, partindo da condição de estar cooperando para uma melhoria da qualidade de vida.

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